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Boca que se Engole
16:07
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A boca que tomou o gole engoliu a si mesma
O interior que se acreditava fechado
Explodiu em infinitas aberturas
Cada uma com seu caminho
Cada uma com seu destino
Pensamentos, imagens e sons
Histórias e estórias
Diluídas, esquecidas e criadas
Por frações de frequências
As camadas de ilusão de um simples fenômeno biológico
O que vem de dentro chama e detém toda responsabilidade
De toda vida, de toda morte e de toda tentativa de compreensão
Uma peia para cada corte de silêncio
Dores inconfundíveis de cura
Todo processo de dor é cura
E toda cura é dor, no silêncio
Não há de se ter orgulho
Nem do líquido nem da boca
Nem ser grato a quem alimenta forçado
Mesmo que se esteja passando fome
Faminto por resoluções para as quimeras auto-criadas
Ergue-se o escudo e não a espada
O corpo prende um espírito que, se existisse, preferiria ser livre
A mente confunde o fluxo natural de um animal
Palavras criam fantasmas e fazem crer que há escolha em mãos, não há
Enquanto tudo apenas é Ritmo
Impossível de ser interrompido
Como as ondas
Como os ventos
Como as sementes
Como os frutos que caem
Como a vida que nasce
Como o corpo que cai
Como a viagem pelo (chá) cipó dos mortos, cipó dos vivos
Como a compreensão
De que tudo dança junto
Na cadência dos sonhos
Sugados pela última boca
Logos, devir, herança, música, Ritmo
Mastigados e cuspidos
Para todos sentidos
Que convergem para o dançar
Na cadência dos sonhos
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2. |
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